“Meu filho (Lauro Maia) é muito tranquilo hoje. Essa questão é uma questão muito tranquila, porque nós sabemos que ele foi condenado, mas não há provas contra ele. E nós deixamos a Secretaria de Saúde à disposição"

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Ciro Marques
Repórter de Política
A deputada federal Fátima Bezerra, candidata do PT ao Senado Federal, não tem só se feito de ministra, dizendo que viabilizou ações e obras que ela não executa. Ela tem usado também a máquina pública federal para ter benefício político. Bom, pelo menos, foi o que insinuou a vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria, adversária da petista na disputa pelo Senado. E esse não foi o único comentário político feito pela candidata peessebista em entrevista concedida por ela ao Jornal Verdade, da REDE TV RN, nesta terça-feira.
Wilma também afirmou que Garibaldi Filho e José Agripino “reconheceram o erro” de apoiar a atual administração Rosalba Ciarlini e foram para o lado dela, o lado da oposição; defendeu o filho, Lauro Maia, condenado por comandar esquema de corrupção instalado dentro da residência oficial da governadora, na época em que o PSB geria o Estado; e afirmou que responde, com as mãos limpas, as polêmicas denúncias feitas contra ela. Alias, contra ela não, na gestão dela, fez questão de esclarecer Wilma, esquecendo o processo resultante da operação Sinal Fechado, que a colocou com ré na ação.
Veja a entrevista completa de Wilma de Faria ao Jornal Verdade:
Jornal Verdade: A senhora já foi deputada federal, prefeita de Natal, governadora do Estado por duas vezes e agora busca o Senado. É o cargo que falta?
Wilma de Faria: Na verdade, eu fui deputada federal constituinte, fui aprovada pelo povo brasileiro e pelo povo norte-rio-grandense, pela nossa atuação. Fui prefeita de Natal duas vezes, porque a terceira vez eu fui eleita, mas só fiquei um ano, porque renunciei para ser candidata ao Governo e fui eleita duas vezes. E, agora, não tive sucesso em 2010 e estamos na luta pelo sucesso absoluto que, pelo menos, é o que as pesquisas estão dizendo e o que eu estou sentindo no contato direto com a população.
JV: Em 2010 a senhora tinha, justamente, como adversários os ex-governadores Garibaldi Filho e José Agripino. Hoje, eles estão no seu palanque. Incomoda alguma coisa essa mudança de adversário para aliado?
WF: Não. Veja bem, hoje eles estão no apoiando porque nós estamos vivendo um momento de preocupação com o resgate que a gente tem que fazer com a situação de caos que o Rio Grande do Norte está vivendo. Tanto na crise de autoridade, que a gente vê agora se instalar no governo do Estado, como com relação aos serviços essenciais que a população busca e que não estão sendo realizados. O Estado está parado. Então, eles que defenderam esse atual governo vieram para o nosso lado, nós que fazíamos a oposição. Eles vieram na suas horas e com os seus motivos e nós estamos aqui, neste momento, unindo esforços para resgatar essa situação que o Estado está vivendo. É necessário mudar a situação. A gente só ouve notícia do Rio Grande do Norte, em todo canto, negativa, é na segurança, é na saúde, é no atendimento a população que mora na zona rural, é no atendimento a questão do empreendedorismo. Nós não temos de obras com relação à infraestrutura que estejam sendo realizadas, mesmo tendo tido no governo o apoio de pessoas que hoje estão em cargos importantes, como é o caso do deputado Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara Federal, e do ministro Garibaldi, da Previdência Social, do líder José Agripino, entre outras importantes lideranças que deram apoio a esse governo e, infelizmente, não saiu do lugar.
JV: Qual é a principal diferença entre a senhora e a deputada Fátima Bezerra, apontada pelas pesquisas como a sua maior adversária?
WF: Cada pessoa tem a sua forma de ser. A diferença é que nós estamos aprovados pela opinião pública com o trabalho que fizemos, como governadora, como prefeita, como deputada federal, inclusive com a experiência no Executivo que é muito importante para chegarmos ao Senado. Não se chega ao Senado apenas para dormir em beço esplendido não. Se chega para trabalhar. Para ensinar o povo e essa é a diferença muito grande, porque eu vou fazer esse trabalho, porque eu sempre fiz um diálogo permanente com a população. Foi assim quando eu fui deputada federal, quando fui prefeita, um permante diálogo, para cobrar do Senado, já que você sabe da importância do legislativo e temos que passar essa consciência porque no Brasil, infelizmente, só se cobra do Executivo, não se cobra do Legislativo Federal, do Congresso, e às vezes as pessoas até se esquecem em quem votou para deputado federal e senador. E também do Legislativo Estadual e Municipal. É necessário que a população esteja comungando conosco daquilo que foi prometido, os compromissos, portanto, que eu assumi, a população tem que prestar atenção e depois cobrar.
JV: Se eleita, qual será a sua bandeira? O que a senhora vai cobrar no Senado Federal?
WF: Nós temos muitos problemas para serem resolvidos no Brasil, principal com relação a segurança e a saúde. Temos uma má distribuição dos recursos compartilhado dos impostos. Nós temos 65% dos recursos estão, hoje, na União. Nós somos uma federação e precisamos dar autonomia financeira para os entes, para que se realizem as ações, serviços e projetos para começar a dar capacidade de investimento aos estados e municípios. Então, a nossa preocupação vai ser, exatamente, com o novo pacto federativo, com a reforma tributária, em exigir que o Governo Federal invista, pelo menos, 10% na saúde, porque o Município é obrigado a investir, pelo menos, 15%, o Estado é obrigado a investir, pelo menos, 12%, e a União só investe 5%. É muito pouco.
JV: A senhora acha que é possível essa mudança? O seu estado deu sustentação ao governo tanto Dilma, quanto Lula, e nenhuma dessas reformas foi feita. Por que?
WF: Porque não tivemos a condição de mudar. A gente teve a esperança de mudar. A gente brigou pela mudança, mas aí a gente cansou de esperar e partiu para uma nova proposta, porque não podemos mais continuar no Brasil com a saúde como está. A saúde não está bem em lugar nenhum, mas aqui no Rio Grande do Norte ela está pior, por isso que a emenda 29 ela precisa funcionar para todos os entes da federação, e no mínimo 10% tem que se investir na saúde porque é isso que se investe nos países desenvolvidos.
JV: A senhora tem aí muitos anos de carreira política e tem denúncias nessa história toda. Tem muitas denúncias com relação a senhora…
WF: Em relação a mim não. Em relação às coisas que aconteceram e que estão sendo, ainda, discutidas e que não teve uma definição com relação a culpas. Mas tudo que aconteceu com relação ao nosso governo, quero ficar aqui bem tranquila para dizer ao povo, que nós tomamos as devidas providências, com relação a afastamento das pessoas, deixando isso bem a vontade para que houvesse uma discussão com relação a essa questão.
JV: Mas a senhora não tem receio que isso possa ser usado na campanha?
WF: Não tenho receio, porque quem tem as mãos limpas, não tem medo de nada.
JV: A senhora disse que ficou tudo resolvido, mas a senhora foi a única governadora do Estado que teve um filho preso e condenado por corrupção. Isso não é forte para uma gestão?
WF: É, mas meu filho, na verdade, é muito tranquilo hoje. Essa questão é uma questão muito tranquila, porque nós sabemos que ele foi condenado, mas não há provas contra ele. E nós deixamos a Secretaria de Saúde à disposição. Alias, e não foi só isso não. Foi isso e em outras questões que há questionamentos, porque há governadora que tem quatro, quatro processos por improbidade administrativa, inclusive, foi cassada e inelegível e tudo. E
tem quatro processos condenando o governo. É porque foi muito em cima de mim, o processo foi muito em cima de uma pessoa que vai a luta e que busca fazer aquilo que precisa ser feito.
JV: A senhora se acha perseguida?
WF: Eu me sinto perseguida, muitas vezes perseguida, mas me sinto tranquila para me colocar sempre a disposição de ser questionada, de ser investigada. Vê como é que eu vivo, como é meu imposto de renda, o que é que eu tenho, qual o patrimônio que eu tenho até hoje.
JV: A senhora se sente perseguida por quem?
WF: Não, perseguição normal de quem vai a luta, as vezes sozinha, e conquista as vitórias.
JV: Voltando as suas propostas. A senhora falou aí que tem uma proposta em relação ao transporte público, o passe livre, que foi até questionada…
WF: É. Nós queremos que o passe livre seja votado, porque é um processo que já existe hoje e está na comissão de constituição e justiça, mas não foi solucionado. Nós sabemos que hoje o transporte público precisa do apoio da união, porque os municípios sozinho não têm condição de resolver, imagine a questão do passe livre. No ano passado as manifestações foram intensas, nós estamos descobrindo um novo momento, um momento importante, onde a população avançou, e nós também, como políticos, como alguém que está no serviço público, também precisamos avançar e quero que o passe livre exista. Se não puder se feito para todos os estudantes, que pelo menos se faça aqueles que estudam nos colégios públicos federal, estadual e municipal.
JV: A senhora fala que a deputada Fátima Bezerra fala as coisas que não fez, que não executou as coisas que ela fala. A senhora continua com esse discurso?
WF: Veja bem: eu não quero ver no meu Estado, nem no meu País, coisas que aconteçam quando se usa a máquina para se conseguir o prestígio. Então, quem é que faz as obras, as ações e etc, é quem está a frente do Executivo. O Legislativo tem obrigação de encontrar a Legislação que atenda aos interesses da população em todos os sentidos. Acho que isso é fundamental. É nossa responsabilidade. Quando eu fui deputada constituinte, eu fui aprovada porque nós fizemos as emendas defendendo os trabalhadores, os servidores, as mulheres, a reforma agrária, nós fizemos todo um trabalho nesse sentido. Nunca me coloquei na função de ministra de estado…
JV: E ela se coloca?
WF: Acho que isso é fundamental que não se use a máquina do Governo Federal. É proibido e não pode ser feito. Isso é pecado, na verdade, um crime.

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